Incontinência urinária e equilíbrio postural

15 de setembro de 2020

A relação entre a incontinência urinária (IU) e a mobilidade funcional vem sendo investigada. Há evidências de que mulheres idosas com IU apresentam maior declínio de sua mobilidade funcional (marcha e equilíbrio) quando comparadas às mulheres continentes e que tais funções se tornam ainda mais comprometidas naquelas mulheres com IU severa (Fritel et al., 2015).

O comprometimento do equilíbrio postural (EP) leva a um maior risco de quedas, e a prevalência de quedas em indivíduos idosos com IU é maior quando comparada aos indivíduos sem IU (Luo et al., 2015). Em um estudo com 6.051 indivíduos com 75 anos ou mais observou-se que 810 deles (13%) relataram IU e quedas durante o ano anterior ao estudo (Wenger et al., 2010).

A literatura relata que mulheres com incontinência urinária de esforço apresentam um maior deslocamento do centro de gravidade, comparadas às mulheres continentes, sugerindo-se que o EP pode estar prejudicado, aumentando o risco de quedas (Smith et al., 2008). Observa-se que mulheres com IU moderada apresentam déficit no controle postural quando comparadas às mulheres continentes e que os programas de exercícios de estabilidade postural devem ser incluídos nos programas de tratamento para mulheres com IU (Chmielewska et al., 2017).

Tanto as quedas como a IU são fatores de limitação física e de impacto na qualidade de vida, pois exercem múltiplos efeitos sobre as atividades de vida diária e social, gerando sintomas de ansiedade e depressão, além de uma percepção de baixa qualidade de vida (Foley et al., 2012). A avaliação do equilíbrio postural e da mobilidade funcional (marcha) deve ser incluída na abordagem terapêutica da incontinência urinária. Todos os profissionais envolvidos, quais sejam médicos, fisioterapeutas, entre outros, devem, nessa abordagem, conhecer a relação de impacto da IU e da limitação física na qualidade de vida. Lembre: #perderurinanaoenormal, procure tratamento!

Referências:

Fritel X, Lachal L, Cassou B, Fauconnier A, Dargent-Molina P. Mobility impairment is associated with urge but not stress urinary incontinence in community-dwelling older women: Results from the Ossébo study. BJOG An Int J Obstet Gynaecol. 2013;120(12):1566–72.

Luo X, Chuang C, Yang E, Zou KH, Araiza AL, Bhagnani T. Prevalence , management and outcomes of medically complex vulnerable elderly patients with urinary incontinence in the United States. Int J Clin Pr. 2015;69(12):1517–24.

Wenger N, Roth C, Hall W, Ganz D, Snow V, Byrkit J et al. Practice Redesign to Improve Care for Falls and Urinary Incontinence. Arch Intern Med. 2010;170(19):1765–72.

Smith MD, Coppieters MW, Hodges PW. Is balance different in women with and without stress urinary incontinence? Neurourol Urodyn. 2008 Jan;27(1):71–8.

Chmielewska D, Stania M, Słomka K, Błaszczak E, Taradaj J, Dolibog P, et al. Static postural stability in women with stress urinary incontinence : Effects of vision and bladder filling. Neurourol Urodyn. 2017;1–9.

Foley A, Loharuka S, Barrett J, Mathews R, Williams K, McGrother C, et al. Association between the Geriatric Giants of urinary incontinence and falls in older people using data from the Leicestershire MRC Incontinence Study. Age Ageing. 2012;41:35–40.

 

Texto produzido por:

Dra. Fátima F. Fitz – Fisioterapeuta

Membro do Comitê Científico da Associação Brasileira Pela Continência B. C. Stuart

 

Postado em Homem, Mulher, Notícias por Ana Claudia Crotti | Tags: , , ,