PROBLEMAS URINÁRIOS EM PACIENTES COM DOENÇAS NEUROLÓGICAS

15 de junho de 2018

O aparelho urinário, no corpo humano, tem função de filtrar o sangue para eliminar substâncias tóxicas e/ou excessivas, através da produção de urina. É composto pelos rins, ureteres, bexiga e uretra.  A bexiga tem a função de armazenar e eliminar a urina que foi produzida pelos rins, através da uretra.

Quem controla todo esse mecanismo é o sistema nervoso, tanto o central (cérebro), como o periférico (nervos). Assim, de forma bem simplificada, a distensão da bexiga pela urina, desencadeia um reflexo, controlado pela interação entre nervos e cérebro, que vai produzir uma contração da bexiga ao mesmo tempo que um relaxamento da uretra, eliminando a urina que estava armazenada.

Tendo isto em mente, é de se esperar que se houver alguma doença acometendo o sistema nervoso, todo esse mecanismo de armazenamento e eliminação de urina não vai funcionar adequadamente, produzindo sintomas urinários.

Várias doenças neurológicas como as malformações, esclerose múltipla, traumatismos raquimedulares, doença de Parkinson, mal de Alzheimer, acidentes vasculares, etc., podem desencadear alterações miccionais como incontinência ou retenção urinária e bexiga hiperativa (aumento da frequência, incluindo a necessidade de levantar várias vezes à noite para urinar, e urgência podendo às vezes perder urina antes de chegar ao banheiro). Costuma-se denominar esse conjunto de sintomas e sinais, em pacientes com doença neurológica de bexiga neurogênica.

Claramente, a ocorrência desses sintomas contribui de forma incontestável para a deterioração da qualidade de vida destes pacientes, que se tornam inseguros quanto à possibilidade de perder urina de forma inapropriada. Assim, é fundamental disponibilizar ferramentas terapêuticas diversas para estas pessoas.

Naturalmente, o tratamento ideal deveria ser o controle da doença neurológica que está desencadeando estes distúrbios. Entretanto, muitas vezes isso não é possível, devido a agressividade com que o quadro se instala ou evolui. Nestes casos, a medicina disponibiliza um conjunto de armas terapêuticas específicas, que vão desde medidas comportamentais, passando por fisioterapia, medicamentos e mesmo cirurgias.

Neste cenário, pode-se perceber a necessidade de um grupo profissional multidisciplinar, envolvendo médicos, psicólogos, fisioterapeutas, enfermeiros, etc., para o adequado manejo destes pacientes.

Texto escrito pela uroginecologista,  Dra. Márcia Maria Dias.

 

Postado em Criança, Homem, Mulher, Notícias por Ana Claudia Crotti